Se você chegou até aqui, provavelmente se preocupa com o bem-estar emocional de alguma criança especial em sua vida. Como psicóloga infantil há 13 anos, tenho visto de perto como a ansiedade pode afetar os pequenos, muitas vezes de formas que nem imaginamos.
A ansiedade infantil não é apenas “manha” ou “birra”. Assim como nos adultos, ela é uma resposta natural do corpo a situações que a criança percebe como ameaçadoras ou desafiadoras. O problema surge quando essa ansiedade se torna frequente, intensa e começa a atrapalhar o dia a dia da criança: na escola, nas brincadeiras, no sono e até mesmo nos momentos em família.
Mas, como identificar a ansiedade em crianças? Fique atento a alguns sinais:
- Preocupações excessivas: Medo de coisas que podem acontecer, dificuldade em relaxar e pensamentos repetitivos.
- Irritabilidade e agitação: A criança pode parecer mais nervosa, impaciente ou ter dificuldade em ficar quieta.
- Queixas físicas: Dores de barriga, dor de cabeça, cansaço frequente sem motivo aparente.
- Dificuldade para dormir: Demorar para pegar no sono, acordar várias vezes durante a noite ou ter pesadelos.
- Comportamentos de esquiva: Evitar situações novas, lugares com muitas pessoas ou atividades que antes gostava.
- Necessidade de controle: Querer controlar tudo ao seu redor, fazer muitas perguntas e buscar constantemente a aprovação dos adultos.
- Crises de choro ou raiva: Reações intensas e desproporcionais a situações cotidianas.
É importante lembrar que cada criança é única e pode manifestar a ansiedade de maneiras diferentes. Observar o comportamento da criança com atenção e sensibilidade é o primeiro passo.
E o que podemos fazer para ajudar? Algumas estratégias valiosas:
- Valide os sentimentos: Em vez de dizer “isso não é nada” ou “para de drama”, procure entender o que a criança está sentindo. Frases como “Entendo que você está se sentindo preocupado(a)” ajudam a criança a se sentir acolhida e compreendida.
- Ensine sobre as emoções: Ajude a criança a identificar e nomear o que está sentindo. Use livros, jogos e conversas para falar sobre as diferentes emoções e como elas se manifestam no corpo.
- Modele a calma: As crianças aprendem muito observando os adultos. Mostre como você lida com suas próprias ansiedades de forma saudável. Respire fundo, fale em tom calmo e demonstre estratégias de relaxamento.
- Crie uma rotina previsível: A previsibilidade traz segurança para a criança. Estabeleça horários regulares para as refeições, sono, estudo e brincadeiras.
- Incentive a resolução de problemas: Em vez de resolver tudo pela criança, ajude-a a pensar em possíveis soluções para o que a está deixando ansiosa. Perguntas como “O que podemos fazer sobre isso?” podem ser muito úteis.
- Pratique técnicas de relaxamento: Ensine a criança a respirar fundo, a relaxar os músculos ou a usar a imaginação para criar um lugar seguro em sua mente. Existem diversos aplicativos e livros infantis que podem auxiliar nessa prática.
- Limite a exposição a notícias e conversas alarmantes: Crianças são muito sensíveis ao que ouvem e veem. Proteja-as de informações que possam gerar mais ansiedade.
- Incentive atividades físicas e o contato com a natureza: O movimento e o ar livre liberam endorfinas, que têm um efeito calmante no corpo e na mente.
- Busque ajuda profissional se necessário: Se a ansiedade da criança estiver impactando significativamente sua qualidade de vida, não hesite em procurar um psicólogo infantil. A terapia pode oferecer ferramentas e estratégias personalizadas para ajudar a criança e a família.
Lembre-se, você não está sozinho(a) nessa jornada. A ansiedade infantil é um desafio real, mas com informação, acolhimento e as estratégias certas, podemos ajudar nossas crianças a construir uma relação mais saudável com suas emoções e a viverem com mais leveza e alegria. Espero que este texto seja um ponto de partida para muitas conversas e reflexões. Se tiverem dúvidas ou quiserem compartilhar suas experiências, deixem um comentário!